quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Site digitaliza obras da Coleção Brasiliana


LITERATURA




Um projeto da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) pôs na web a íntegra de quase 80 dos 415 títulos da coleção editada entre 1931 e 1993 pela Cia. Editora Nacional. São obras sobre antropologia, economia e sociologia, que podem ser consultadas no site www.brasiliana.com.br

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

PERSPECTIVAS DE UMA EDUCAÇÃO DA CULTURA A PARTIR DE PRÁTICAS INDÍGENAS *


De modo geral, os indígenas compreendem o universo de maneira distinta de uma sociedade ocidental. Como povos culturalmente diferenciados, os indígenas atribuem nomes a coisas que possuem um sentido em determinado contexto, experiências vívidas imbuídas de significados práticos, objetivos.
Em qualquer sociedade, o universo é objeto de pensamento, o que dá origem a conhecimentos práticos necessários aos fazeres cotidianos que impulsionam a vida (LÉVI-STRAUSS, 1989).
Mas não quero correr o risco de atrelar a orientação objetiva do conhecimento a uma ideia de utilitarismo, como fez Malinowski (1884-1942) sobre comunidades nativas do Pacífico Ocidental. Compreendo, a partir de Lévi-Strauss (op. cit.), que os indígenas consideram útil ou interessante determinada coisa do universo porque a conhecem, pois as coisas são utilizadas porque são conhecidas.
Entre esses povos, de modo geral, os conhecimentos são delineados pela cultura e repassados por meio da tradição. Entretanto, a tradição não pode ser entendida como algo estático, mas dinâmico no sentido de se (re) construir para garantir os resultados simbólicos do sistema cultural, mesmo quando os meios já não existam ou os objetos sofram modificações. A cultura lida com significados mediados pela tradição de reinventar os gestos culturais por meio dos processos educativos, pois todas as formas de apreensão da realidade, formas que um sujeito aprende e faz dele membro de determinada comunidade, constituem processos educativos.
Esta definição de processos educativos relacionados à tradição nos leva ao risco de confundir conceitos muitos próximos: Educação e Cultura. Noção esta, de educação, que ultrapassa os espaços escolares e alcança sociabilidades diversas.
Estas ideias desvelam uma perspectiva de educação como cultura e traz os moldes da vivência indígena como referência a esse ideal de educação.
Se, por longo período na história do conhecimento, a humanidade pensou a educação apenas em lugares institucionalizados de ensino, hoje se supera esse paradigma com a difusão de conceitos e expressões como “Educação da Cultura”, “Pedagogia do Cotidiano”, “Estudos do Cotidiano e Educação”, etc. Estes termos ganharam visibilidade principalmente a partir do momento em que conhecimentos ditos do cotidiano, outrora taciturnos, passaram a ser relacionados ao termo “senso comum”.
Não vejo essa questão como uma passagem do “senso comum” para o saber científico, quando a ciência dá voz aos conhecimentos do cotidiano, isto é, não penso que seja uma ruptura, mas uma superação. Portanto, não quero tratar do saber indígena como “senso comum”, visto que a essa categoria a ciência parece relegar um bojo de conhecimentos menores do que os “grandes achados científicos”. Isso é arrogância e característica de uma prática etnocêntrica!
Os conhecimentos indígenas são práticos, significativos à vida, portanto éticos. O saber do índio não pode ser menor do que aquele saber que encontro na academia, visto que é ético, pois adquire sentido nas práticas (LEFF, 2003).
A ética do saber indígena tem sua base nos sentidos e significados atribuídos às coisas de seu contexto, o que desvela, no caso da América, o perspectivismo ameríndio como construto de uma noção própria de humanidade, diferenciada da noção da sociedade ocidental.
Por exemplo, a maioria dos grupos indígenas baseia suas sociabilidades em contações de mitos, histórias jamais postas em dúvida pela comunidade, verdades absolutas. “O uso de estórias é absolutamente pedagógico” (FREIRE, 2004, p. 43). Mas, para os indígenas, não há nisso uma teoria, uma epistemologia, o que há é o mundo como ele é e como é compreendido, portanto “essas culturas são eminentemente pedagógicas” (idem), porque o ato de educar para a cultura é totalmente intrínseco à própria vida.
REFERÊNCIAS

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Tolerância. São Paulo: Editora UNESP, 2004.
LEFF, Enrique. (coord.) A complexidade ambiental. São Paulo: Cortez, 2003.
LÉVI-STRAUSS, Claude. O pensamento Selvagem. 2ªed. Campinas, SP: Papirus, 1989.
*Texto de Giza Carla Bandeira, publicado no Informativo "O Sopro", do Núcleo de Estudos em Educação Científica, Ambiental e Práticas Sociais - Necaps - Ano II, janeiro de 2009.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

ONU pede ao mundo que redobre esforços em favor dos povos indígenas

Uma aldeia Timbira - Foto de Vicente Carelli


No Dia Internacional dos Povos Indígenas (09 de agosto), alta comissária de direitos humanos das Nações Unidas, Navi Pillay, diz que, apesar de avanços, discriminação e pobreza continuam presentes nas aldeias. A alta comissária de direitos humanos afirmou que o mundo não pode ser complacente com o sofrimento dos povos indígenas.
Indefinição
Para a alta comissária, existe um abismo entre os princípios da Declaração dos Direitos dos Povos Indígenas (http://www.un.org/esa/socdev/unpfii/documents/DRIPS_pt.pdf ) e a realidade das aldeias.
A líder indígena Miriam Terena disse à Rádio ONU que, no Brasil, não existe muito motivo para comemorar o dia 09 de agosto por causa "da indefinição na distribuição de terras".
"Primeiramente a questão territorial. Não queremos terra, ouro, nada. Queremos as nossas terras, viver no habitat natural. Mas infelizmente isso não está ocorrendo. Não existe muita comemoração", disse.
Parceria
Segundo Miriam Terena, o Brasil tem 250 povos e 190 línguas indígenas.
A alta comissária da ONU terminou sua nota dizendo que indígenas em todo o mundo continuam sofrendo em várias áreas com saúde, educação e meio ambiente.
Navi Pillay pediu que o mundo redobre seus esforços por o que ela chamou de uma parceria pela ação e dignidade a favor dos indígenas.

Fonte: nota da Organização das Nações Unidas - ONU http://www.onu-brasil.org.br/ em 10/08/2010


domingo, 8 de agosto de 2010

"Investigando a Biodiversidade: guia de apoio aos educadores do Brasil"

"Incentivar o aprendizado sobre o meio ambiente e o valor de seus ecossistemas é uma prática que deve ser adotada em qualquer idade. O ensino desde cedo, a jovens e crianças, porém, ajuda a solidificar a consciência ecológica e a importância da conservação da natureza. Com esse propósito, o WWF-Brasil, em parceria com o Instituto Supereco e a ONG Conservação Internacional (CI-Brasil), produziu a publicação ‘Investigando a Biodiversidade: Guia de apoio aos educadores do Brasil’".

Baixe este material pelo link: http://assets.wwfbr.panda.org/downloads/investigando_a_biodiversidade___pdf_completo___reduzido.pdf

Fonte: WWF http://www.wwf.org.br/

sábado, 31 de julho de 2010

Cartilha sobre Produtos Orgânicos

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento publicou, em 2009, uma cartilha educativa sobre produtos orgânicos: "O olho do consumidor". Ilustrado pelo cartunista Ziraldo, trata-se de um material riquíssimo e importante a ser trabalhado nos espaços educativos, especialmente nas escolas.




Essa cartilha não teve divulgação nacional, já se pode imaginar o motivo, pois muitos são os produtores de "transgênicos" que patrocinam os meios midiáticos neste país.

Então, cabe a nós a divulgação.


Acesse a cartilha e baixe pelo link http://www.redezero.org/cartilha-produtos-organicos.pdf

Seja um divulgador! Envie para seus amigos!


quinta-feira, 29 de julho de 2010

Cinco novas espécies de aves encontradas nas florestas do Acre

Pesquisa mapeou 655 espécies de aves no Acre. Com o menor índice de desmatamento do país, as florestas do Estado são áreas de interesse da pesquisa em biodiversidade. A investigação sintetiza e descreve de forma acurada a diversidade e a distribuição de aves e detecta a ocorrência, pela primeira vez, de cinco espécies em território brasileiro.





Fonte: Informativo do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ano 26. Nº 45. julho, 2010

quarta-feira, 28 de julho de 2010

O guardião das fronteiras

No lugar do posto de controle de saída da fronteira, o guardião do país vizinho pediu que o estudioso de Ecologia Cognitiva mostrasse seu passaporte, chamando-o:
- Ei, você, faz o quê?
A resposta foi:
- Apesar do meu nome, não trabalho exatamente com Ecologia, mas com o conhecimento.
- Negativo: há muito a Filosofia se encarrega disso – foi a objeção do guardião das fronteiras. Vá pleitear a sua saída pela outra porta.
- Espere; entendo o conhecimento de uma forma ampla. Ocupo-me dos signos, de todos os vestígios sensíveis ligados às intenções na produção e atribuição de sentidos, explicou o estudioso.
- Ora – refutou novamente o guarda – isto é o que faz a Semiologia. Você está querendo burlar a segurança?
- Absolutamente! De fato – ponderou o estudioso – alguns teóricos trabalham sobre o sentido dos signos. Mas interessam-me mais diretamente as relações de poder que são travadas na arena da comunicação.
- Hum... – observou-o o guardião, desconfiado. – Sim, já entendo, trata-se então de Filosofia da Linguagem.
O estudioso ousou especificar um pouco mais a sua ação e disse:
- Sim, a Filosofia da Linguagem, em especial a corrente pragmática, aborda esse tema com muita propriedade, mas concentrando-se no que é produzido no decorrer da comunicação entre os interlocutores. Quanto ao mim, procuro fixar-me em algo que vai além, buscando verificar como as idéias se transmitem e interagem entre si por meio de palavras, imagens e sons articulados, em toda a riqueza dos signos, para, então, discutir como o pensamento tem sido produzido. Trata-se de entender as dimensões técnicas e coletivas da cognição.
O soldado sorriu com desdém.
- “Ah, é a cognição. Ora, então você é um estudioso da Educação”.
- De certo modo, sim – concordou em parte o visitante -, mas apenas se considerarmos a Educação compreendida em seus novos ambientes e espaços, nos quais um novo sujeito, digamos, coletivo, se movimenta... E para compreendê-la dessa forma devemos derrubar algumas das fronteiras e construir elos com a Filosofia, com a Semiologia e com outras disciplinas das quais herdei também algumas questões, como a Linguística, ou a Psicologia. Na verdade não há como conceber a Ecologia cognitiva sem falar das redes de conhecimento, e não há como estudar ou entender tais redes sem antes permitir também as interconexões em nossos próprios campos.
E o estudioso terminou dizendo:
- Por isso, não solicito apenas que autorizes minha passagem, como também te peço, em nome de todos os que desenvolvem pesquisas neste momento, que te despeças da tua função, pois para exercer a minha prática e levar adiante a pesquisa, não será possível que haja guardiões de fronteiras entre os países que visito.
O guarda já ia expulsar o forasteiro, pela insolência da fala, vindo a perturbar-lhe a paz que há tanto conhecia naquele espaço-limite, quando aconteceu o inusitado: viu que atrás do Ecologista Cognitivo, e pelos lados, e mais adiante, e também por muitas vertentes, aproximavam-se multidões de cientistas e pesquisadores e professores, todos numa rebelião não-organizada contra as cancelas das fronteiras, e tinham os nomes metamorfoseados: não mais ostentavam carteira de identidade de comunicador, de sociólogo, ou de historiador, ou de cientista, mas de coisas estranhas, como educomunicador, engenheiro do conhecimento, historiador das idéias, arquiteto cognitivo, sociólogo da linguagem e coisas nesse estilo.
Viu que outros dos seus colegas tentavam reagir, mas era inútil. O companheiro vizinho era desafiado por um sociotecnólogo, enquanto recebia a notícia de que legiões de historiadores das mentalidades haviam invadido um terreno proibido. Psicolinguistas atacavam pelo outro lado e, já sem receber maior resistência, um grupo de arte-educadores se preparava para ocupar a praça.
E assim, apesar de esboçar uma reação inicial, os guardiões das fronteiras não tiveram outra opção a não ser retirar-se, resignados, deixando que fossem, por fim, apagadas as linhas tênues que marcavam os limites entre os países de uns e de outros. Foi quando as portas se abriram e começou a história.

A partir de George Landow, no livro “Educação na Cibercultura”, de Andréa Cecília Ramal. Ed. Artmed, 2002.

terça-feira, 27 de julho de 2010

A triste história dos sacos plásticos

Quantas vezes se fazem compras são quantas vezes se ganha sacos plásticos!
Eles nos são oferecidos, geralmente, com muita cordialidade. Há embalador de supermercado que coloca dois sacos plásticos por volume, com o objetivo de favorecer o cliente, é claro.
A Revista National Geographic de setembro de 2003 divulgou que nessa época já se consumia ao redor do mundo cerca de 500 bilhões a 1 trilhão de sacos plásticos.
Antigamente, não se via os mercados distribuírem sacos plásticos, mas quando essa prática surgiu a sociedade aprovou. O problema desse produto está no alto custo de sua reciclagem, logo, torna-se mais barato produzir sacos novos. Assim, menos de 1% dos sacos plásticos são reciclados no mundo inteiro.
E para onde vão esses sacos?







Os sacos plásticos são leves, o vento leva para os rios, mares, florestas. Acabam na barriga dos peixes, nas raízes das plantas, nos bueiros e lixões das cidades. São feitos de polietileno, obtido a partir do petróleo.
Reduzir o uso de sacos plásticos é uma das formas de diminuir o consumo de petróleo, recurso não-retornável que gera tantos conflitos entre nações.



Mas essa situação não se resolve apenas com políticas públicas. Isso ajuda, mas não resolve, pois é principalmente uma questão de consciência social.
Então, o que podemos fazer?


Se usarmos uma sacola de tecido ou um carrinho de compras (daqueles do tempo da vovó) reduziremos o uso de pelo menos 6 sacos plásticos por semana, 24 por mês, 288 por ano. Com 100 pessoas usando sacolas de pano, já teremos uma redução anual de 28.800 sacos plásticos.
É questão de fazer um pequeno esforço e logo a gente se acostuma a levar “sacola de pano” às compras, como era antigamente (no tempo da vovó)!
Seja um divulgador desta ideia!!!

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Hotspot

O conceito Hotspot foi criado em 1988 pelo ecólogo inglês Norman Myers para resolver um dos maiores dilemas dos conservacionistas: quais as áreas mais importantes para preservar a biodiversidade na Terra?

Ao observar que a biodiversidade não está igualmente distribuída no planeta, Myers procurou identificar quais as regiões que concentravam os mais altos níveis de biodiversidade e onde as ações de conservação seriam mais urgentes. Ele chamou essas regiões de Hotspots.

Hotspot é, portanto, toda área prioritária para conservação, isto é, de alta biodiversidade e ameaçada no mais alto grau. É considerada Hotspot uma área com pelo menos 1.500 espécies endêmicas de plantas e que tenha perdido mais de 3/4 de sua vegetação original.

Em 1988 Myers identificou 10 Hotspots mundiais.

De 1996 a 1999 o primatólogo norte-americano Russell Mittermeier, presidente da Conservação Internacional (CI), ampliou o trabalho de Myers com uma pesquisa da qual participaram mais de 100 especialistas. Esse trabalho aumentou para 25 as áreas no planeta consideradas Hotspots. Juntas, elas cobriam apenas 1,4% da superfície terrestre e abrigavam mais de 60% de toda a diversidade animal e vegetal do planeta.

Em 2005 a CI atualiza a análise dos Hotspots e identifica 34 regiões, hábitat de 75% dos mamíferos, aves e anfíbios mais ameaçados do planeta. Nove regiões foram incorporadas à versão de 1999. Mesmo assim, somando a área de todos os Hotspots temos apenas 2,3% da superfície terrestre, onde se encontram 50% das plantas e 42% dos vertebrados conhecidos.

Atualmente estão mapeadas 34 áreas. No Brasil há dois Hotspots: a Mata Atlântica e o Cerrado. No mapa do website, visualize dos Hotspots :
http://www.biodiversityhotspots.org/xp/Hotspots/pages/map.aspx
Fonte: Conservation International of Brasil

Intervenção artística de Jason Taylor ressalta interação com a "natureza"






O artista Jason de Caires Taylor, por meio de sua curiosa produção artística, chama a atenção para a interação das relações biodiversas entre o humano e os demais seres da biota. http://www.underwatersculpture.com/index.asp

Taylor expoe suas esculturas em ambientes aquáticos e terrestres: mergulhadas na água, em lugares como jardins, parques, rios, lagos e também posicionadas em espaços externos (terrestres). Sugeitas a todo tipo de interação do ambiente ao qual estão expostas, as esculturas sofrem um processo de transformação . Ao atrair a vida marinha para a sua superfície (de cimento), as esculturas mudam cor e forma, a cor cinza é substituída por tons esverdeados, alaranjados, etc.
O artista diz que sua produção busca ressaltar as interações do "mundo natural": "Você pode usar a escultura como uma forma de transmitir esperança, inspirando as pessoas a considerar suas interações com o mundo natural e a construir um mundo sustentável" (Taylor, em entrevista à Revista Zupi. Ano 05, ed. 017)

sexta-feira, 23 de julho de 2010

A idade aproximada de algumas "Relações Biodiversas" da Amazônia

- O Rio Amazonas tem 16 a 10 milhões de anos (Carolina Hoorin – Scientific American Brasil. Ano 5, nº 50, julho, 2006);

- As Plantas existem a cerca de 10 milhões de anos (José Maria da Silva - Scientific American Brasil. Ano 5, nº 50, julho, 2006);

- Floresta úmida: pelo menos 22 milhões de anos (Carolina Hoorin – Scientific American Brasil. Ano 5, nº 50, julho, 2006);

- O solo da região da Serra de Carajás é datado de 4 a 2,5 bilhões de anos (FURTADO, Rogério. org. Scientific American Brasil. Coleção Amazônia Origens. São Paulo: Duetto Editorial, 2008);

- O solo da região de Pirabas: mais de 20 milhões de anos (Idem);

- Grupos humanos existem a cerca de 11 mil a 200 anos (Denise Pahl Schaan. In. FURTADO, Rogério. org. Scientific American Brasil. Coleção Amazônia Origens. São Paulo: Duetto Editorial, 2008);

- As plantações de mandioca existem desde mais de 7 mil anos (Marcos Pereira Magalhães. In. FURTADO, Rogério. org. Scientific American Brasil. Coleção Amazônia Origens. São Paulo: Duetto Editorial, 2008);

- O Cultivo da pupunha: mais de 9 mil anos (Charles Clemente. In. FURTADO, Rogério. org. Scientific American Brasil. Coleção Amazônia Origens. São Paulo: Duetto Editorial, 2008);

Entre cerca de 15 a 11 mil anos atrás a Amazônia não apresentava floresta densa, mas savanas arbóreas. Nesse período, há cerca de 8 mil anos atrás existiu, na Amazônia, animais de grande porte, como a preguiça gigante (Dilma de Fátima Rosseti. Scientific American Brasil. Coleção Amazônia Origens. São Paulo: Duetto Editorial, 2008)

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Estudo inédito mapeia 819 espécies de peixes raros no Brasil



Com base nesses dados, pesquisadores identificaram 540 áreas-chave para a conservação dessas espécies nas águas doces do país, 40% delas em estado avançado de degradação.
Um grupo de seis pesquisadores do Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e da ONG Conservação Internacional (CI-Brasil) identificou 819 espécies de peixes raros de água doce no Brasil. O estudo, publicado hoje pela revista científica eletrônica PLoS ONE (http://www.plosone.org/article/info%3Adoi%2F10.1371%2Fjournal.pone.0011390) é resultado das análises das informações acumuladas ao longo de décadas sobre a fauna de peixes brasileiros e de coleções científicas e representa o mais completo mapeamento já elaborado sobre peixes raros de água doce no Brasil.

“Esse mapeamento representa um passo importante para que finalmente a sociedade brasileira passe a reconhecer que os nossos rios, além de serem fontes de água, alimento e energia, são também lugares onde uma importante parte da biodiversidade única do país está presente”, afirma Naércio Menezes, da Universidade de São Paulo e coautor do estudo.

Com base nas distribuições das espécies de peixes raros foram identificadas 540 bacias hidrográficas que podem ser consideradas como áreas-chave para a conservação (ACB) dos ecossistemas aquáticos brasileiros. As ACBs são lugares insubstituíveis, pois abrigam espécies de peixes que somente ocorrem lá e em nenhuma outra parte do mundo. “Sem estudos detalhados de mapeamento, é impossível saber quais áreas específicas abrigam biodiversidade única e sob grande ameaça,” enfatiza outro autor do estudo, Cristiano Nogueira, da Universidade de Brasília.

Segundo o estudo, apenas 26% das 540 bacias hidrográficas identificadas como ACBs podem ser consideradas como razoavelmente protegidas. Do total, 220 (40%) ACBs estão em estado crítico devido ao impacto direto de hidrelétricas ou por apresentarem uma combinação de baixa proteção formal (Unidades de Conservação) e altas taxas de perda de habitat. Tais áreas críticas passam por um rápido processo de degradação ambiental e abrigam 344 espécies endêmicas de peixes, ou seja, aquelas apenas encontradas na região. “Se o atual ritmo de degradação dessas ACBs continuar como está, o Brasil corre o risco de perder uma parcela importante do seu patrimônio biológico único em pouco tempo, o que seria um desastre em grandes proporções para a principal potência biológica do planeta”, afirma Fábio Scarano, diretor-executivo da CI-Brasil.

Imagem: http://www.ufpa.br/gea/
Texto: http://www.conservacao.org/noticias/noticia.php?id=465

Soberania (Manoel de Barros)

Naquele dia, no meio do jantar, eu contei que
tentara pegar na bunda do vento — mas o rabo
do vento escorregava muito e eu não consegui
pegar.
Eu teria sete anos. A mãe fez um sorriso
carinhoso para mim e não disse nada.
Meus irmãos deram gaitadas me gozando.
O pai ficou preocupado e disse que eu tivera um vareio da imaginação.
Mas que esses vareios acabariam com os estudos.
E me mandou estudar em livros.
Eu vim. E logo li alguns tomos havidos na biblioteca do Colégio.
E dei de estudar pra frente.
Aprendi a teoria das ideias e da razão pura.
Especulei filósofos e até cheguei aos eruditos. Aos homens de grande saber.
Achei que os eruditos nas suas altas abstrações se esqueciam das coisas simples da terra. Foi aí que encontrei Einstein (ele mesmo — o Alberto Einstein). Que me ensinou esta frase: "A imaginação é mais importante do que o saber".
Fiquei alcandorado! E fiz uma brincadeira. Botei um pouco de inocência na erudição. Deu certo. Meu olho começou a ver de novo as pobres coisas do chão mijadas de orvalho.
E vi as borboletas. E meditei sobre as borboletas. Vi que elas dominam o mais leve sem precisar de ter motor nenhum no corpo. (Essa engenharia de Deus!)
E vi que elas podem pousar nas flores e nas pedras sem magoar as próprias asas.
E vi que o homem não tem soberania nem pra ser um bentevi.

Desenho de Giza (pastel óleo, 2004)
Texto extraído do livro (caixinha) "Memórias Inventadas - A Terceira Infância", Editora Planeta - São Paulo, 2008.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

A geleira que sangra



Do alto da geleira Taylor, na Antártida, brota um misterioso líquido vermelho
-Fabio Marton (Revista Superinteressante – 07/2010)

O caso intrigou a bióloga Jill Mikucki, da Universidade Dartmouth, que decidiu recolher e estudar amostras do líquido. "Detectamos 17 espécies de bactérias, mas é provável que haja mais", diz. Segundo ela, essas espécies de bactérias são tão desconhecidas que nem têm nome científico - e só existem nesse lugar, que foi apelidado de Blood Falls ("Queda de Sangue", em inglês).

O tal sangue é água salgada misturada com óxido de ferro, e é produzido pelas bactérias. Elas vivem embaixo da geleira e se alimentam do ferro contido no solo, e como produto de sua digestão secretam esse líquido que parece sangue (ele tem a cor vermelha porque, como os glóbulos vermelhos do sangue, contém ferro).

Além de comer pedra, as bactérias de Blood Falls têm outra característica intrigante: são incrivelmente resistentes. Vivem sem luz nenhuma, a 7 graus negativos e suportam uma pressão atmosférica 40 vezes maior que a normal (causada pelo peso da geleira). "Eu compararia esse lago com as calotas polares de Marte", afirma Mikucki

Fontes:
http://cienciaevida.atarde.com.br/?p=1045
http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/ambiente/antartica-bacteria-liquido-577992.shtml

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Poesia sobre relação educando-educador de Ademar Ferreira dos Santos, Escola da Ponte - Portugal

Não cobiço nem disputo os teus olhos
Não estou sequer à espera que me deixes ver através dos teus olhos
Nem sei tão pouco se quero ver o que vêem e do modo como vêem os teus olhos
Nada do que possas ver me levará a ver e a pensar contigo
Se eu não for capaz de aprender a ver pelos meus olhos e a pensar comigo

Não me digas como se caminha e por onde é o caminho
Deixa-me simplesmente acompanhar-te quando eu quiser
Se o caminho dos teus passos estiver iluminado
Pela mais cintilante das estrelas que espreitam as noites e os dias
Mesmo que tu me percas e eu te perca
Algures na caminhada certamente nos reencontraremos

Não me expliques como deverei ser
Quando um dia as circunstâncias quiserem que eu me encontre
No espaço e no tempo de condições que tu entendes e dominas
Semeia-te como és e oferece-te simplesmente à colheita de todas as horas

Não me prendas as mãos
Não faças delas instrumento dócil de inspirações que ainda não vivi
Deixa-me arriscar o barro talvez impróprio
Na oficina onde ganham forma e paixão todos os sonhos que antecipam o futuro

E não me obrigues a ler os livros que eu ainda não adivinhei
Nem queiras que eu saiba o que ainda não sou capaz de interrogar
Protege-me das incursões obrigatórias que sufocam o prazer da descoberta
E com o silêncio (intimamente sábio) das tuas palavras e dos teus gestos
Ajuda-me serenamente a ler e a escrever a minha própria vida.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Por uma sociedade da educação ou a cada rebanho o cajado que merece!!!!

O pastor amoroso perdeu o cajado,
E as ovelhas tresmalharam-se pela encosta,
E, de tanto pensar, nem tocou a flauta que trouxe para tocar.
Ninguém lhe apareceu ou desapareceu.Nunca mais encontrou o cajado.
Outros, praguejando contra ele, recolheram-lhe as ovelhas.
(Alberto Caeiro)


A educação é um combate de todas as horas da civilização contra a barbárie, da esperança contra o medo, da autonomia contra a dependência, da liberdade contra a opressão. Um combate ideológico e político, porque educar implica permanentemente fazer opções, tanto relativamente a objectivos e estratégias, como a projectos e métodos.

A educação é um combate de todas as horas dos educadores, seja qual for a qualidade em que intervenham. Educadores são todos aqueles que, voluntariamente ou não, conscientemente ou não, estão em posição de influenciar, de uma forma consistente e continuada, o pensamento, a sensibilidade e o comportamento dos outros, determinando ou condicionando o seu destino. Pensar que a educação se esgota na intervenção dos pais e dos professores é um perigoso equívoco, porque a intervenção dos demais agentes educativos é, frequentemente, tão ou mais poderosa e determinante que a intervenção dos próprios educadores formais.

A educação é um processo complexo, multimodal, amplamente participado e contínuo de promoção de conhecimento significativo e de sabedoria, sempre orientado para o desenvolvimento integral da pessoa e para a sua equilibrada inserção na sociedade. Sendo cada indivíduo um universo de possibilidades (mesmo quando nasce com handicaps que, inexoravelmente, hão-de repercutir-se no seu processo de desenvolvimento), importa que a educação lhe proporcione o maior número possível e o leque mais diversificado de estímulos e experiências significativas de aprendizagem que possam potenciar a sua permanente valorização como pessoa e como cidadão. Este desafio não se dirige apenas aos educadores formais, mas a todos os educadores, sem excepção, muito especialmente, a todos aqueles que, não se assumindo muitas vezes como educadores e até criticando, frequentemente, o desempenho dos educadores formais e o estado da educação (políticos, jornalistas, articulistas, escritores, artistas, grandes empresários, etc), têm na sociedade uma intervenção tão ou mais decisiva, em termos educativos, que os próprios educadores formais. A educação é hoje, e sê-lo-á cada vez mais no futuro, uma responsabilidade de todos, um desígnio colectivo.

Os processos educativos (e é preciso escrevê-lo no plural, porque o percurso educativo de cada educando é único e irrepetível) atravessam a escola, mas não se esgotam na escola. A montante e a jusante da escola, os educandos são sujeitos a mil e um estímulos e experiências de aprendizagem, de natureza, frequentemente, contraditória. No plano sócio-moral, por exemplo, não é raro que os mais jovens sejam diariamente confrontadas com exemplos, mensagens e paradigmas de sinal contrário e que conflituam radicalmente entre si, gerando confusão, insegurança, instabilidade e, muitas vezes, indiferença ética. Mas quando as crianças ou os adolescentes, reflectindo essa insegurança, adoptam comportamentos agressivos e desviantes, não é à família, nem à televisão, nem aos desordenadores do território, nem aos publicitários sem escrúpulos, nem aos vendedores de promessas de salvação, mas unicamente à escola, que a sociedade pede contas. A escola, frequentemente, quando a família e a sociedade falham, tem de educar contra tudo e contra todos - e responsabilizar-se por erros ou desvios que não lhe são assacáveis. A sociedade espera e exige tudo da escola, mas raramente lhe proporciona as condições culturais e ambientais que sustentem e potenciem a sua acção civilizadora.

Se a educação radica na aprendizagem, nem toda a aprendizagem, porém, se reproduz em educação. Na família e na escola, acontece muita aprendizagem profundamente deseducativa. A aprendizagem, por isso, não é um fim em si mesmo - o valor civilizacional da aprendizagem decorre da sua projecção educativa. E sendo múltiplas e cada vez mais diversificadas as fontes de aprendizagem, não faz qualquer sentido que continuemos amarrados a velhas e caducas concepções de ensino que tendem a sobreestimar o papel dos professores e a cometer à escola tarefas e responsabilidades no exercício das quais ela já se revelou suficientemente inepta e incompetente.

A convicção que se tem vindo a generalizar (de resto, permanentemente afirmada e reforçada pelos gurus da comunicação) de que os problemas de educação são, em primeira linha, imputáveis às escolas inferiores e aos respectivos professores e que, restaurado um ensino tradicional e autoritário, a qualidade da educação estaria, a prazo, garantida - é, sem dúvida, uma convicção estúpida e socialmente desresponsabilizadora, que ilude as verdadeiras causas do mal estar educativo (e não apenas docente) que hoje percorre as sociedades ditas civilizadas. A qualidade da educação é um desafio que diariamente se coloca a todos e que a todos interpela. Esperar que sejam sempre os outros a responder por falhanços que comprometem a sociedade no seu todo e cada um de nós é a via mais expedita para manter tudo como está.

Daí que não adiante apontar o dedo responsabilizador a quem quer que seja. Impõe-se antes que o dirijamos à nossa própria consciência. Mudar a educação depende de todos e de cada um de nós e não apenas do governo, das escolas ou dos professores.

No interior da família e no interior da sociedade, somos todos educadores e somos todos responsáveis pelo falhanço educativo que nos oprime. Não atiremos pedras, pois, ao telhado dos vizinhos, mas procuremos, em primeiro lugar, arrumar a nossa própria casa. A qualidade da educação começa na família - e todos nós temos aí uma palavra decisiva a dizer, um exemplo de empenhamento, de exigência e de atenção a dar aos mais novos. Não persistamos em imputar genericamente às escolas e aos governos responsabilidades que não lhes cabem. Enquanto as famílias se demitirem das suas obrigações educacionais, enquanto nós todos nos demitirmos, não haverá jamais medidas de política educativa, nem manifestos, nem elites, nem congressos patrocinados pelo Presidente da República, que possam assegurar a qualidade da educação.
(Ademar Ferreira dos Santos - Escola da Ponte, Portugal - Publicado em "A Página da Educação. Nº. 110. ANO 11, Março 2002.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Letras de músicas sobre Biodiversidade e suas relações



Absurdo (Vanessa da Mata)
Havia tanto pra lhe contar
A natureza
Mudava a forma o estado e o lugar
Era absurdo

Havia tanto pra lhe mostrar
Era tão belo
Mas olhe agora o estrago em que está

Tapetes fartos de folhas e flores
O chão do mundo se varre aqui
Essa idéia do natural ser sujo
Do inorgânico não se faz

Destruição é reflexo do humano
Se a ambição desumana o Ser
Essa imagem de infértil deserto
Nunca pensei que chegasse aqui

Auto-destrutivos,
Falsas vitimas nocivas?

Havia tanto pra aproveitar
Sem poderio
Tantas histórias, tantos sabores
Capins dourados

Havia tanto pra respirar
Era tão fino
Naqueles rios a gente banhava

Desmatam tudo e reclamam do tempo
Que ironia conflitante ser
Desequilíbrio que alimenta as pragas
Alterado grão, alterado pão

Sujamos rios, dependemos das águas
Tanto faz os meios violentos
Luxúria é ética do perverso vivo
Morto por dinheiro

Cores, tantas cores
Tais belezas
Foram-se
Versos e estrelas
Tantas fadas que eu não vi

Falsos bens, progresso?
Com a mãe, ingratidão
Deram o galinheiro
Pra raposa vigiar


(fonte: site oficial)

Queremos saber (Composição de Gilberto Gil/ Intérpretes: Erasmo Carlos; Cássia Eller)
Queremos saber,
O que vão fazer
Com as novas invenções
Queremos notícia mais séria
Sobre a descoberta da antimatéria
e suas implicações
Na emancipação do homem
Das grandes populações
Homens pobres das cidades
Das estepes dos sertões
Queremos saber,
Quando vamos ter
Raio laser mais barato
Queremos, de fato, um relato
Retrato mais sério do mistério da luz
Luz do disco voador
Pra iluminação do homem
Tão carente, sofredor
Tão perdido na distância
Da morada do senhor
Queremos saber,
Queremos viver
Confiantes no futuro
Por isso se faz necessário prever
Qual o itinerário da ilusão
A ilusão do poder
Pois se foi permitido ao homem
Tantas coisas conhecer
É melhor que todos saibam
O que pode acontecer
Queremos saber, queremos saber
Queremos saber, todos queremos saber

A cidade (Composição: Chico Science/ Intérprete: Nação Zumbi)
O sol nasce e ilumina as pedras evoluídas
Que cresceram com a força de pedreiros suicidas
Cavaleiros circulam vigiando as pessoas
Não importa se são ruins, nem importa se são boas
E a cidade se apresenta centro das ambições
Para mendigos ou ricos e outras armações
Coletivos, automóveis, motos e metrôs
Trabalhadores, patrões, policiais, camelôs
A cidade não para, a cidade só cresce
O de cima sobe e o de baixo desce
A cidade não para, a cidade só cresce
O de cima sobe e o de baixo desce
A cidade se encontra prostituída, por aqueles que a usaram em busca de saída
Ilusora de pessoas de outros lugares, a cidade e sua fama vai além dos mares/ No meio da esperteza internacional
A cidade até que não está tão mal
E a situação sempre mais ou menos
Sempre uns com mais e outros com menos
A cidade não para, a cidade só cresce
O de cima sobe e o de baixo desce
A cidade não para, a cidade só cresce
O de cima sobe e o de baixo desce
Eu vou fazer uma embolada, um samba, um maracatu
Tudo bem envenenado, bom pra mim e bom pra tu
Pra a gente sair da lama e enfrentar os urubu
Num dia de sol Recife acordou
Com a mesma fedentina do dia anterior.

Alagados (Composição: Hebert Viana, Bi Ribeiro,João Barrone/ Intérprete: Os Paalamas do Sucesso)
Todo dia o sol da manhã
Vem e lhes desafia
Traz do sonho pro mundo
Quem já não o queria
Palafitas, trapiches, farrapos
Filhos da mesma agonia
E a cidade que tem braços abertos
Num cartão postal
Com os punhos fechados da vida real
Lhes nega oportunidades
Mostra a face dura do mal

Alagados, Trenchtown, Favela da Maré
A esperança não vem do mar
Nem das antenas de TV
A arte de viver da fé
Só não se sabe fé em quê
A arte de viver da fé
Só não se sabe fé em quê


Planeta água (Gilherme Arantes)
Água que nasce na fonte serena do mundo
E que abre um profundo grotão
Água que faz inocente riacho e deságua na corrente do ribeirão
Águas escuras dos rios que levam a fertilidade ao sertão
Águas que banham aldeias e matam a sede da população
Águas que caem das pedras no véu das cascatas, ronco de trovão
E depois dormem tranquilas no leito dos lagos, no leito dos lagos

Água dos igarapés, onde Iara, a mãe d'água é misteriosa canção
Água que o sol evapora, pro céu vai embora, virar nuvem de algodão
Gotas de água da chuva, alegre arco-íris sobre a plantação
Gotas de água da chuva, tão tristes, são lágrimas na inundação
Águas que movem moinhos são as mesmas águas que encharcam o chão
E sempre voltam humildes pro fundo da terra, pro fundo da terra

Qual a idade da Floresta Amazônica?


A região de Carajás (sudeste do estado do Pará – Amazônia Oriental) constitui um dos núcleos mais antigos do continente, o chamado Cráton Amazônico. As rochas expostas dessa região, em sua maioria, se formaram durante um período denominado Arqueado, ou seja, de 4 a 2,5 bilhões de anos. (FURTADO, Rogério. org. Scientific American Brasil. Coleção Amazônia Origens. São Paulo: Duetto Editorial, 2008) ]


Maioria dos cientistas concorda que a Floresta Amazônica originou-se há milhões de anos. Esta afirmação é possível com base em registros paleontológicos, pelas mostras de gêneros da paleoflora, recuperadas em rochas calcárias da Formação Pirabas (nordeste do Estado do Pará), que é uma unidade geológica formada no início do período Mioceno - há mais de 20 milhões de anos. Essas mostras revelam que, naquele tempo, nessa região da Floresta Amazônica, já existiam gêneros de plantas similares às encontradas hoje. "Dados de polens de plantas preservados como fósseis nas rochas sedimentares também revelam a existência da floresta com diversidade taxonômica de espécies similar à atual, já no Mioceno" (Idem).

Outras referências:
http://petro.rc.unesp.br/revistageociencias/25_2/2.pdf
http://ig.unb.br/sigep/sitio046/sitio046.htm
http://www.revistasusp.sibi.usp.br/scielo.php?pid=S1519-874X2006000300002&script=sci_arttext

Aquecimento Global - Charge


Fonte: Diário do Povo (Campinas - SP)

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Situação de Desmatamento Florestal da Amazônia Legal em abril e maio de 2010



Houve uma redução no desmatamento em abril e maio de 2010 se comparado ao mesmo período anterior. Em abril o desmatamento atingiu 65 quilômetros quadrados (queda de 47% em relação a abril de 2009) e em maio somou 96 quilômetros quadrados (redução de 39% em relação a maio de 2009).
Porém, no acumulado de agosto de 2009 a maio de 2010, o desmatamento atingiu 1.161 quilômetros quadrados contra 1.084 quilômetros do período anterior (agosto 2008 a maio 2009). Isso representa um pequeno aumento de 7% no desmatamento no período atual.

Em abril de 2010, o desmatamento ocorreu principalmente em Mato Grosso (59%), seguido do Pará (23%) e Rondônia (10%). O restante ocorreu no Amazonas (6%) e Acre (2%). Em maio de 2010, o desmatamento foi maior no Amazonas (33%) seguido de Mato Grosso (26%), Rondônia (22%), Pará (17%) e Acre com apenas 2%.

O desmatamento acumulado no período de agosto de 2009 a maio de 2010 resultou no comprometimento de 76 milhões de toneladas de CO2 equivalente sujeitas a emissões diretas e futuras por eventos de queimadas e decomposição. Isso representa um aumento de 9% em relação ao mesmo período anterior (agosto de 2008 a maio de 2009) quando o carbono florestal afetado pelo desmatamento representou 69 milhões de toneladas de CO2 equivalente.

Em relação à degradação florestal (florestas intensamente exploradas pela atividade madeireira e/ou queimadas) a área total afetada em abril e maio de 2010 foi 64 quilômetros quadrados.

Fonte: Hayashi, S., Souza Jr, C., Sales, M. & Veríssimo, A. 2010. Imazon
http://www.imazon.org.br/novo2008/index.php

Dia Mundial da Ciência pela Paz e pelo Desenvolvimento - 2010 Biodiversidade



Estabelecido em 2001 e celebrado no Brasil desde o ano 2005, o “Dia Mundial da Ciência pela Paz e pelo Desenvolvimento” é comemorado todo dia 10 de novembro. Essa data representa uma oportunidade para que se reflita sobre a função que a ciência desempenha na construção de um mundo melhor e nela pretende-se reiterar o compromisso da UNESCO em:

• fortalecer a consciência pública do papel da ciência na promoção de sociedades sustentáveis e pacíficas;
• promover o intercâmbio nacional e internacional do conhecimento científico;
• renovar o compromisso nacional e internacional no uso da ciência em prol da sociedade;
• enfatizar os desafios enfrentados pela ciência e fomentar o apoio à promoção do desenvolvimento científico.

CONCURSO DE TRABALHOS ESCRITOS E DESENHOS 2010

A UNESCO e seus parceiros convidam os estudantes do ensino médio de todo o Brasil para apresentar trabalhos escritos e desenhos, até o dia 3 de setembro de 2010, sobre o tema “Biodiversidade”. O Concurso é uma iniciativa em comemoração ao Dia Mundial da Ciência pela Paz e pelo Desenvolvimento e ao Ano Internacional da Biodiversidade, ambos estabelecidos pelas Nações Unidas.


Campanha Nacional de Proteção aos Meros e a Biodiversidade Costeira e Marinha da Mata Atlântica



A presente proposta tem seu início a partir de uma crescente preocupação com o declínio sofrido na população de Meros Epinephelus itajara (Lichtenstein, 1822) ao longo de toda sua distribuição. Este é um peixe que atinge as maiores proporções dentro das espécies da família Serranidae (ex. garoupa, badejo, cherne) podendo chegar a mais de 300Kg de peso total. Este fator, acrescido ao crescimento lento, hermafroditismo protogínico (nascem fêmeas e sofrem transformação posterior), formação de agregados reprodutivos e idade de primeira maturação elevada, destacam a espécie como altamente susceptível a sobrepesca.

Aliado aos fatores preocupantes de sua biologia está o alto valor de mercado alcançado nas peixarias por espécies da família Serranidae, que causa uma grande procura por estes peixes.

A proteção da espécie teve inicio em 1990 nos Estados Unidos, onde Florida Marine Fisheries Commission proibiu a sua pesca e comercialização. No Brasil, a espécie encontra-se incluída no Decreto Estadual nº 42.838, de 4 de fevereiro de 1998, da Secretaria Estadual do Meio Ambiente de São Paulo, como Espécie Ameaçada de Extinção na categoria de "Criticamente em Perigo", o que segundo o documento introdutório do Decreto, qualifica a espécie, como sendo a que apresenta um alto risco de extinção em futuro muito próximo, em decorrência das profundas alterações ambientais ou de uma alta redução populacional. O Mero recebe o mesmo tratamento na "Lista Vermelha (Red List)" da IUCN - The Word Conservation Union, como Espécie Ameaçada de Extinção também na categoria de "Criticamente em Perigo".

Recentemente por iniciativa da Fundação SOS Mata Atlântica, através do processo IBAMA/SP nº:02027.009595/01-87, foi implementada a portaria Nº 121, de 20 de setembro de 2002, prevendo o total encerramento da captura, posse, transporte e comercialização deste grande peixe em águas jurisdicionais brasileiras.

Tal solicitação, estava diretamente relacionada com a latente diminuição dos seus estoques, a captura cada vez maior e indiscriminada de exemplares dos mais variados portes e os poucos estudos existentes referente ao comportamento e a reprodução da espécie. O documento introdutório alerta ainda, para que medidas urgentes sejam adotadas, que protejam diretamente o seu habitat e a sua população, seja através de iniciativas legais, através da pesquisa científica, ou através de processos de educação ambiental, que possibilite ações efetivas para a conservação da espécie. Dentro deste contexto foi concedido pelo IBAMA um prazo de 5 anos para que estudos mais aprofundados venham a subsidiar futuras medidas de proteção.

O Mero é hoje, o primeiro peixe da biodiversidade marinha brasileira a receber um mecanismo nacional legal de proteção. Vale lembrar que esta iniciativa é pioneira e resgata de certa forma, tanto a relação harmônica que as civilizações humanas sempre tiveram com as espécies marinhas, como o conceito de que os peixes de nossa costa, são e devem ser tratados como fauna.

O instrumento legal de preservação do Mero, pode abrir um precedente extremamente importante na legislação com a finalidade de conservação da biodiversidade marinha brasileira, principalmente a ictiofauna, que vem sofrendo graves pressões da industria pesqueira nacional e internacional, que praticamente esgotou os estoques de aproximadamente 75% das espécies de nosso oceano.

Hoje 34% das espécies de peixes existentes em todo mundo, correm um sério e imediato risco de extinção, devido à ganância da pesca industrial, da sobrepesca e da destruição dos ecossistemas costeiros, principalmente as regiões de estuários e manguezais ocupadas pela pressão imobiliária e projetos de carcinicultura principalmente no Nordeste, e as regiões recifais, que são ameaçadas pelo turismo e pesca predatória.

Vale ressaltar, que as regiões de manguezais e as áreas recifais, são responsáveis juntas, pela maior parte da produção de biomassa dos oceanos. Portanto, quaisquer alterações nestes frágeis ecossistemas, podem interferir diretamente no ciclo de vida de grande parte das espécies marinhas do Planeta, e interferir decisivamente na cadeia alimentar, social e econômica das populações humanas.

O Mero portanto, pode se tornar à espécie símbolo desta luta, a espécie que represente a preocupação da sociedade brasileira com os destinos dos ecossistemas marinhos e costeiros, e que através deste movimento em defesa da espécie, o Brasil possa de fato cumprir com o tratado da "Convenção sobre a Diversidade Biológica", firmada por 156 países em 5 de junho de 1992, que reconhece o valor intrínseco da diversidade biológica, além dos valores ecológicos, genéticos, sociais, econômicos, científicos, educacionais, culturais, recreativos e estéticos da diversidade biológica, bem como de sua importância para a evolução e manutenção dos sistemas necessários à vida da biosfera, reconhecendo a biodiversidade como sendo uma preocupação comum de toda a humanidade, reafirmando que os países são responsáveis por sua conservação e utilização sustentável para benefício das gerações presentes e futuras.

Faz-se então necessário uma consistente campanha nacional de informação, educação ambiental e comunicação, visando à proteção dos Meros e a divulgação da portaria para que ela seja eficaz em sua finalidade, e fomentando ações para que novas medidas ou políticas públicas de conservação possam ser implementadas para outros ecossistemas e outras espécies, que assim como o Mero, encontram-se ameaçados.

Dentro deste contexto a proposta de uma "CAMPANHA NACIONAL DE PROTEÇÃO AOS MEROS E DA BIODIVERSIDADE COSTEIRA E MARINHA DA MATA ATLÂNTICA" pretende produzir conhecimento sobre a biologia deste grande peixe ocorrente no litoral brasileiro, sensibilizar a opinião pública para sua conservação através de campanhas de educação ambiental e divulgação, e dar prioridade a iniciativas, dentro de um Programa de Biodiversidade Costeira e Marinha da Fundação SOS Mata Atlântica, que visem à integridade e a conservação ambiental dos ecossistemas costeiros e marinhos, decorrentes do fato de serem, os mais ameaçados do planeta, e de fundamental importância ao equilíbrio ecológico do Bioma Mata Atlântica.Para tanto, estamos estabelecendo parcerias importantes para o desenvolvimento deste trabalho, com a Universidade Federal de Pernambuco, a Universidade do Vale do Itajaí e a ONG VIDAMAR de Santa Catarina, a APA Federal Cananéia, Iguape e Peruíbe, o Instituto de Pesca de São Paulo e o IBAMA.

Essas parcerias visam unir esforços e trabalhos na busca de conhecimentos mais aprofundados sobre a biologia do Mero, e ao mesmo tempo, com auxílio de conhecimento científico, produzir ações de informação, conscientização e educação ambiental, contribuindo com a proteção da espécie nas águas jurisdicionais brasileiras, a manutenção do equilíbrio ecológico das regiões costeiras e marinhas e a conservação da biodiversidade brasileira.

Fonte: SOS Ribeira

2010 Ano Internacional da Biodiversidade


O que é o Ano Internacional da Biodiversidade – 2010?
AIB - A Assembléia Geral das Nações Unidas declarou o ano de 2010 como Ano Internacional da
Biodiversidade, com o propósito de aumentar a consciência sobre a importância da preservação
da biodiversidade em todo o mundo.
Esta celebração oferece excelente oportunidade para:
Evidenciar a importância da biodiversidade para nossa qualidade de vida.
Refletir sobre os esforços já empreendidos para salvaguardar a biodiversidade até o
momento, reconhecendo as organizações atuantes.
Promover e dinamizar todas as iniciativas de trabalho para reduzir a perda da
biodiversidade.
A proteção da biodiversidade requer um esforço por parte de todos. Através de atividades em
todo o mundo a comunidade global deverá trabalhar em conjunto para garantir um futuro
sustentável para todos.
A Secretaria da Convenção sobre a Diversidade Biológica foi designada pela ONU, como
coordenadora das ações do Ano Internacional da Biodiversidade – 2010. Estabelecida durante a
realização da Cúpula da Terra, no Rio de Janeiro em 1992 (Eco/92), a Convenção sobre a
Diversidade Biológica (CDB) é depositária de um tratado internacional para a conservação e
uso sustentável da biodiversidade, com o intuito de promover o compartilhamento dos muitos
benefícios advindos da biodiversidade. Com 191 países membros signatários integrantes, a CDB
goza de uma adesão quase total na comunidade das nações.
http://www.peaunesco.com.br/BIO2010/Diretrizes_Gerais%20-%20Ano%20Internacional%20da%20Biodiversidade%20-%202010.pdf